terça-feira, 21 de agosto de 2012

Quem lembra do restaurante Chapéu de Palha?

Antes da instituição da Zona Franca de Manaus, a cidade de Manaus já era considerada como um “Porto Livre” e, em três de Fevereiro de 1968, inaugurava na terra de Ajuricaba, um luxuoso restaurante para atender a crescente demanda de turistas ávidos por produtos importados do exterior – foi um projeto que ganhou o premio nacional de arquitetura, na cidade do Rio de Janeiro – foi construído por um mineiro chamado Severiano Mário Porto, um homem que fez história na nossa cidade – era um empreendimento considerado um primor da arquitetura, coerente com as exigências dos trópicos.

O luxuoso restaurante “Chapéu de Palha” foi construído num bairro aristocrático, conhecido como “Adrianópolis”, ficava na esquiva das ruas Fortaleza e Paraíba (atual Humberto Calderaro Filho) e, era dotado de uma cozinha regional, capaz de satisfazer a clientela mais exigente da época.

Por ser uma novidade na cidade, a alta sociedade Baré fazia presença diariamente, pois almoçar ou jantar junto aos turistas, era um privilégio para poucos, dando certo “status” para uma pequena parcela dos pobres mortais que tinham condições financeiras para tanto.

Nas veiculações dos jornais de época, os proprietários faziam a seguinte chamada: “Almoce ou jante conosco, nós o esperamos - para reservas de mesas, ligue para o telefone 2-2288”. Chique, não?

As suas estruturas eram de troncos de “Aquariquara”, uma madeira típica da região amazônica, com cobertura de palha de palmeira, piso e paredes de tijolos, o edifício se adaptava perfeitamente ao local e ao uso a que era destinado, remetendo às construções populares e indígenas da área.

O “Jornal do Commercio”, na inauguração, fez o seguinte comentário em suas páginas: “O moderno restaurante “Chapéu de Palha”, simplesmente “Chapelão” aqui para os de casa, é em verdade o ponto mais agradável e disputado de nossa convivência social. Em linhas arquitetônicas avançadas, construído com o aproveitamento dos recursos da terra e a mágica de um bom gosto de um artista soube colocar – belo para os olhos, aprazível, um toque a mais na paisagem urbanista da capital – a feijoada é um prato dos sábados, no modelar restaurante da cidade”.

No meu casório, em 1980, após todas aquelas comemorações, antes de partir para “lua de mel”, fui jantar naquele lugar, o pedido foi no famoso a “La Carte”, lembro muito bem: “um filé com fritas e farofa” - naquela altura do campeonato, o restaurante já tinha perdido o “glamour”, estava chegando a sua decadência – foi a primeira e única vez em que estive lá.

No local funciona, atualmente, um posto de gasolina e um “mini Shopping Center” – infelizmente, a nossa cidade cresceu muito, de certa forma, desordenada, nada mais é novidade, pois, praticamente encontramos de tudo que existe nos grandes centros urbanos – ficamos apenas lembrando aqueles tempos bons - acabou aquele negócio de “cidade sorriso” de antigamente. É isso ai.

O post é do caboco meu amigo José Martins Rocha, que pode ser lido também no BLOG DO ROCHA

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